Foz ao Minuto

27 de setembro de 2017

Figueira da Foz: Antigo ministro de S. Tomé apresentou livro que aborda a violência doméstica


CULTURA

O livro “Ao Cair da Noite”, da autoria de Albertino Bragança, foi apresentado no passado sábado, dia 23 de setembro de 2017, no Auditório Municipal, com a participação de Sheila Khan, Investigadora da Universidade do Minho, e de João Viegas, Assessor da Assembleia da República, numa sessão conduzida pelo Vereador da Cultura e vice-presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, António Tavares.

«A Figueira da Foz tem uma forte ligação a São Tomé, desde logo através do escritor Luís Cajão, autor do romance ali passado, “A Estufa”, que acabaria por ser apreendido pela censura ainda na tipografia, por versar sobre a exploração colonial e o racismo, e ainda por ação do benemérito Fernando Augusto Soares, que mandou construir o Teatro Trindade, fundou uma escola e financiou a primeira corporação de bombeiros de Buarcos, depois de ter feito fortuna em São Tomé», disse António Tavares, na abertura da tarde literária. 

A João Viegas coube apresentar o escritor e o homem que sintetizou em quatro dimensões: a africanidade latente, com a insistência em manter vivo o crioulo forro de S. Tomé, através de um glossário de expressões e vocábulos nos seus livros; a dimensão política, num país que ainda é não apenas de famílias políticas mas de famílias de políticos; a dimensão social, iniludível num homem que foi jogador e treinador de futebol, professor de vários níveis de ensino e um apaixonado pela música - e dança - santomense, que frequentava bailes populares mesmo enquanto ministro; e a atenção ao feminino, patente nas suas personagens mais elaboradas». 

Sheila Khan, autora da tese "Traços Negros: Aculturação e identidades de jovens de origem africana", optou, na sua intervenção, por parafrasear Italo Calvino, respondendo não à questão ‘porquê ler os clássicos?’, mas à pergunta ‘porquê ler Albertino Bragança e “Ao Cair da Noite”’. A investigadora realçou o ‘dever de memória’ e o seu peso no diálogo intergeracional, bem como a importância de livros que, sem negar o seu ‘chão’, viajam para além dele, combatendo a ideia de territórios exóticos. «A Humanidade é só uma, e os territórios africanos estão no mundo com a mesma naturalidade dos americanos ou europeus», afirmou, atribuindo ao livro de Albertino Bragança essa capacidade de «combater o fechamento, trazendo as histórias da História à pele da realidade». 

A encerrar a sessão, o autor de “Ao Cair da Noite” falou do seu livro como «uma obra simples, com um enredo passado em S. Tomé mas de temática transversal: uma paixão violenta, doentia e irreprimível, um vício dominador que culmina no crime passional» e na possibilidade, ou não, de perdoá-lo. 
O evento cultural, apresentado por Solange Salvaterra, terminou com uma sessão de autógrafos.




Sobre o autor

Natural de S. Tomé, onde nasceu em 1944, Albertino Bragança, licenciado em Engenharia Eletrotécnica pela Universidade de Coimbra, regressou a São Tomé em 1975, aí desempenhando vários cargos ligados à cultura e à educação, tendo sido, também, ministro da Defesa e Ordem Interna, Ministro dos Negócios Estrangeiros, Ministro da Educação, Cultura e Desporto, Deputado, Vice-Presidente da Assembleia Nacional e Presidente do Partido de Convergência Democrática (PCD).
Na literatura, estreou-se com o livro “Rosa do Riboque e Outros Contos“ (1985), uma obra que, além de um conjunto de interessantes narrativas, inclui um glossário das expressões e vocábulos do crioulo forro da ilha de São Tomé, numa iniciativa pedagógica que repete neste “Ao Cair da Noite”.

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