HISTÓRIA
Tavarede é uma Vila e freguesia do Concelho da Figueira da Foz, com 10,72 km² de área e cerca de 10 mil habitantes, que recebeu carta de foral em 9 de Maio de 1516, atribuída pelo monarca D. Manuel I.
Actualmente esta freguesia é constituída pelas povoações de Casal da Areia, Carritos, Tavarede, Chã, Vila Robim, Várzea, Quinta do Paço, Quinta da Esperança, Senhor do Areeiro, Condados, Saltadouro, Azenhas, Caceira de Baixo, Casal da Quinta, Casal da Robala , Matioa, Peso e também Ferrugenta.
«Mas o povoamento do território desta Freguesia fez-se antes do séc. XII. Não longe ficava o notável castelo medieval de Santa Eulália (ou Santa Ovaia), que assentava sobre um fortíssimo castro da Idade do Ferro. A este castelo, ainda no séc. XII para o XIII, se chamava “civitas”, da qual foi domínio, sem dúvida, toda esta zona litoral onde se compreende Tavarede.
Em todo o caso, a população não existiu aqui sem interrupções, como leva a supor o estado local da actual Cidade da Figueira da Foz, na segunda metade do séc. XI, local esse que então parece ser um “logo” ou apêndice da própria “villa” alti-medieva de Tavarede.
O despovoamento, evidentemente, deve-se à acção dos mouros, visto que se deu no local da actual Figueira, tão junto de Tavarede, como se sabe de afirmações documentais sobre ruína, por eles provocada, da Igreja de S. Julião da Foz do Mondego, e, depois, confiada, para restauração e repovoamento ao Abade Pedro, que viera da terra dos sarracenos e que era um moçárabe, como o conde D. Sisnando.
Se o abade Pedro, como ele mesmo diz, estendeu a sua acção de presúria e povoação ao sul do rio, até à actual Lavos, não surpreenderia que igualmente fizesse para o norte do “logo” da Igreja de S. Julião, isto é, em Tavarede, por ser muito perto.
Em 1092 D. Elvira e o seu marido, o governador do território de Coimbra, D. Martim Moniz, fazem doação “ de loco sancti Martini in villa Tavaredi” ao prócer D. João Gosendes, opulento senhor que era especialmente herdado na Beira Alta (actual Concelho de S. Pedro do Sul). Dos limites consignados no diploma vê-se que a doação abrangia pelo menos a actual Freguesia de Tavarede, com sua Igreja:”ao Oriente a Villa Várzea, que limita com Tavarede pela pena de Azambujeiro, e daí chega ao sovereiro curvo seguindo na direcção da mamoa; ao ocidente, a Villa Alamede; ao sul, é o local das salinas junto ao rio Mondego; ao norte a Villa de Quiaios”.
Em 1406, D. Marinha Afonso, com o consentimento de seu marido, fez doação ao Mosteiro de Seiça dos seus bens móveis e de raiz em Tavarede e outros lugares, para ser “familiaira” do convento, ser participe das orações e boas obras deste e ser sepultada, se o viesse a requerer, no mosteiro.
Desde muito cedo foi Tavarede um couto e Concelho, a que D. Manuel I deu foral, em Lisboa, em 9 de Maio de 1516. Por essa altura foi fundada por António Fernandes de Quadros a “Casa de Tavarede”, que seria titulada pela família Quadros até ao terceiro conde de Tavarede, extinguindo-se o título com o falecimento deste último em 1903.
No séc. XVIII havia aqui três ermidas do senhor do Areeiro, do senhor da Chã e de Santo Aleixo (esta, da Universidade), todas bem dotadas de rendas, por doações, mas das quais só havia ruínas nos fins do séc. passado, bem como do mosteiro de monjas Franciscanas de Santo António, de Nossa Senhora da Esperança, fundado em 1527, com protecção de D. João III.
O concelho de Tavarede acabou em 1834, extinto pelo Liberalismo. Já desde o decreto pombalino de 12 de Março de 1771, que criara a Comarca da Figueira da Foz, pertencia a esta, contrariamente ao privilégio antigo do couto.
Tavarede é também conhecida pela “Terra do Limonete”, termo originado numa lenda que tem como protagonistas uma moura encantada e um cavaleiro cristão.
“Tavarede é também conhecida pela “Terra do Limonete”, termo originado numa lenda que tem como protagonistas uma moura encantada e um cavaleiro cristão.
Este último estava ao serviço de Cidel Pais, senhor que tinha Tavarede sob sua protecção. Segundo consta, ia o cavaleiro a caminho de Coimbra para participar na tomada desta cidade aos mouros quando, no monte de Santa Eulália, encontrou refugiadas numa gruta oito mouras encantadas, ali presas por um feitiço que seu pai, um chefe árabe, lhes havia lançado para não caírem em poder dos cristãos.
Uma delas, de nome Kadija, explicou que o seu feitiço seria quebrado, assim um príncipe lhe repetisse três vezes: “sois bela como o Sol”. O cavaleiro logo quebrou o feitiço, dizendo a frase, ao que adiantou: “A terra para onde te levar aquele que vier desencantar-te será uma terra aprazível, rica de plantas aromáticas entre as quais uma de cheiro rústico e agradável, persistente e suave, que lhe dará nome e alcançará fama”. Assim se associou Tavarede aos cheiros aromáticos do limonete.”
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