A Garraiada
Por Luís Barbosa (Historiador)
Para aqueles que defendem a garraiada na Queima das Fitas por esta ser uma tradição: as tradições estão constantemente a acabar e não há nada de errado com isso. E porquê?
Porque as tradições surgem num determinado contexto cultural e social e são transmitidas às gerações seguintes. Quando uma geração posterior não se revê numa dessas práticas ela corre o risco de terminar.
A garraiada da Queima das Fitas está desenquadrada nos dias de hoje. Com o nível de desenvolvimento material e humano que atingimos podemos perfeitamente arranjar diversões e passatempos que não impliquem o uso de animais de uma forma tão violenta e prejudicial para o mesmo.
Não se preocupem com a Queima, ela não vai morrer. Mesmo que daqui por 100 anos ela perca todas as atividades que têm agora, não vai deixar de ser a Queima das Fitas. E porquê? Porque o importante é que as pessoas que vivem a festa dos estudantes se identifiquem com ela e com as atividades. Não com a garraiada em si, com o cortejo ou com outra coisa qualquer.
Se a garraiada terminar como resultado deste referendo será uma decisão democrática dos estudantes. Não é uma imposição de um grupo ou partido. Acredito que no futuro se outras atividades desaparecerem vai ser pelo mesmo motivo. Os estudantes, foram sempre muito criativos, vão certamente arranjar novas formas de passar o tempo e de aproveitar a festa das fitas. Nunca faltam ideias.
Sem a garraiada a Queima continua a ser uma grande festa, a Universidade continua de pé e o sol continuará a nascer todos os dias para todos nós.
Hoje vota como se vivesses no século XXI.
PS: A garraiada dá prejuízo desde 2008, só no ano passado foram por volta de 30 000 euros...
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