Crónica de Tiago Ferreira: Made In Angola
Ainda é muito cedo para se saber se as alterações efetuadas, nas chefias dos organismos estatais angolanos, por João Lourenço obtiveram, ou não, o objetivo de criar uma rutura com a governação de José Eduardo Santos. Quando se fala em Angola devemos ter em conta a existência de uma cleptocracia, liderada pela família deste último.
Durante a sua governação, José Eduardo dos Santos, delegou nos seus filhos a gestão da Sonangol (Isabel dos Santos), do Fundo Soberana de Angola (Filomena dos Santos) e do canal dois e internacional da TPA (Tchizé dos Santos). Os filhos de Eduardo dos Santos, estudaram no exterior e desde muito cedo criaram relações empresariais em vários cantos do mundo, sendo de evidenciar as ligações que Isabel dos Santos estabeleceu em Portugal. A consolidação do poder, do ainda Presidente do MPLA, cimentou-se através de uma forte rede de caciques, que exerce controlo sobre a população nos musseques de Luanda. Entretanto a perpetuação deste controlo estatal, foi interrompida por João Lourenço.
Eleito Presidente de Angola, João Lourenço, que tem do seu lado o exército, iniciou agora uma enorme mudança naquele país. Esta mudança deve ter várias leituras. A primeira é a de romper com a governação despótica até aqui seguida. A segunda é a de mostrar, face aos angolanos, que nesta nova fase da vida política angolana, a população, será o centro das preocupações dos dirigentes políticos, sendo exemplo as alterações no sector da saúde. Uma outra razão, é a de externamente limpar a imagem de Angola. Sobre este último ponto evidenciar a economista e esposa do Presidente angolano, Ana Lourenço, que exerceu funções no Banco Mundial e conhece muito bem os corredores do poder a nível mundial.
O próximo ano, será muito importante para se verificar se estas alterações surtiram efeito necessário na sociedade angolana. Não se deve excluir desta leitura a tentativa, por parte dos apoiantes de José Eduardo dos Santos, de um golpe de estado tendo em vista o derrube de João Lourenço.
Sem comentários:
Enviar um comentário