DESPORTO
No último domingo, o Santa Clara venceu o União da Madeira, mas a vitória do conjunto açoriano acabou por ser um assunto de segundo plano, a maior vitória foi o regresso à competição de Paulo Grilo, jogador figueirense, que venceu a luta contra o cancro.
Paulo foi submetido a cirurgia e fez três ciclos de quimioterapia no IPO de Coimbra, até concluir o tratamento, foi a força de vontade e a força familiar, transmitida por mulher e filho (agora com dois anos e meio), residentes na Figueira da Foz, de onde Paulo também é natural, que o ajudaram a vencer.
Assim que Fernando Andrade fez o 1-0 (76’), que iria valer uma importante vitória na deslocação à Madeira para o Santa Clara, Carlos Pinto (treinador do Santa Clara) chamou o médio para entrar em campo: estava na hora de se estrear nesta edição da II Liga, sete meses depois de lhe ser diagnosticado um tumor no testículo.
Em Julho de 2017, o mundo de Paulo Grilo quase desabou. Tinha acabado de ser contratado ao Freamunde quando lhe foi diagnosticada a doença.
«Estava a ver televisão e num daqueles programas da manhã um médico estava a descrever os sintomas de uma doença oncológica e tudo aquilo coincidia com o que eu sentia. Fui ao hospital mais para tirar essa ideia da cabeça, mas a verdade é que me diagnosticaram um tumor no testículo», recorda.
A notícia deixou em choque família, amigos e companheiros de equipa. Paulo Grilo colocou tudo em causa. Pensou quase de imediato em deixar de jogar futebol. Porém, Carlos Pinto, treinador do Santa Clara, tentou tranquilizá-lo.
«Um pai não se esquece de um filho», disse-lhe Carlos Pinto «O Carlos (Pinto) foi muito importante para mim. Se ele não me desse a mão na altura, provavelmente já não jogava futebol. Disse-me: “Trata-te. Demore o tempo que demorar, conto contigo”», conta.Esse momento marcou-o e Paulo confessa que ficou ainda mais emocionado quando recebeu mensagens de toda a equipa, após o Santa Clara ter vencido em Famalicão, para a Taça da Liga, o primeiro jogo oficial da época (a 23 de Julho).
«Dedicaram-me a vitória. O Carlos Pinto falou publicamente sobre o assunto e então ficou a conhecer-se o caso. Agradeci-lhe o apoio e a resposta dele tocou-me ainda mais: “Um pai nunca se esquece de um filho”, disse-me. Se ele não me desse tanta força, provavelmente eu já não jogaria», reforça.
Depois de uma vitória maior do que qualquer outra que um dia possa aspirar em campo, ele voltou aos Açores – «é talvez o sítio mais bonito de Portugal», afirma –, longe da família, e voltou a pisar um relvado.
Estava na hora de dar um abraço aos seus companheiros e a Carlos Pinto, o treinador que o vê como um filho.
Agora, diz querer dar a devida retribuição em campo: «Tento dar o meu melhor. Sobretudo treinar bem e conquistar oportunidades para jogar. Essa é a melhor forma de responder a toda a força que me foram dando ao longo deste tempo.»
Por estes dias, o objectivo desportivo maior é ajudar o Santa Clara, actualmente no 4.º lugar, a um ponto da zona de promoção, a subir à I Liga, conclui: «A direcção não esconde que esse é o objectivo e estamos num bom lugar para discutir a subida nesta recta final do campeonato. Espero bem que o consigamos. Os Açores bem merecem regressar ao topo do futebol português.»
Médio do Santa Clara voltou aos relvados no último domingo, sete meses depois de lhe ter sido diagnosticado um tumor num testículo.
Fonte: Mais Futebol
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