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LITERATURA
Foi presidente da Câmara de Coimbra, Deputado, Governador Civil e continua a ser um cidadão atento e interventivo. Carlos Encarnação veio à Figueira da Foz apresentar, no passado dia 28 de Abril, o livro «Vou por aqui não vou por aí», em que reuniu dezenas de crónicas de intervenção política publicadas no Diário de Coimbra ao longo dos últimos cinco anos.
A sessão foi moderada pelo Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, João Ataíde, que definiu Carlos Encarnação como um «homem político livre», uma circunstância provada à saciedade ao longo da obra que, disse, «é um manifesto dessa liberdade, com posições não raras vezes de discordância e até de fractura em relação a temas diversos, da gestão da coisa pública à gestão financeira do país». O político que, lembrou o autarca figueirense, «tanto alertou para o facto de estarmos adormecidos com a abundância de recursos que parecia não ter fim como, depois, se demarcou da austeridade praticada», escreveu «crónicas intemporais nos seus fundamentos, textos que, não sendo fáceis, são válidos para pensar o passado, o presente e o futuro, sobretudo porque se encontra neles a coerência indispensável à credibilidade».
«É já uma tradição minha, quando acabo a colaboração com um jornal, reúno o que escrevi e publico. E sim, eu sei que não é uma prosa fácil, mas entendo que é assim que vale a pena, permitindo que acompanhem o meu raciocínio até à conclusão», explicou o autor. Da liberdade de que nunca abriu mão não fez bandeira. «Não entendo um militante como um seguidor acéfalo… cada opinião é absolutamente essencial para a formação da opinião colectiva», sustentou o social-democrata. «Nesse sentido, tentei sempre ser um agente de mudança», admitiu.
Ao longo da conversa, que se abriu à plateia, Carlos Encarnação adiantou que as suas crónicas, agora no semanário SOL, estão voltadas para o futuro, nomeadamente o da solução governativa para o país. «A solução encontrada teve o mérito de ultrapassar um certo fatalismo que já soava a castigo. Mas não chega, são precisos, agora, outros acordos, outras envolvências», defendeu, alargando ao espaço europeu os ventos de mudança. «O Estado Social é, tal como está, insustentável, mas ninguém tem a coragem de o rever. Sim, não há modelo europeu sem Estado Social, mas não é possível continuar a alargar as funções sociais do Estado… as pessoas e os partidos têm de entender-se sobre isso, porque são os nossos impostos que as sustentam. Não o fazer, não determinar as áreas de intervenção do Estado é agir com falta de critério e de honestidade política», afirmou.
«Populismo é tornar cada pequena questão uma grande causa nacional, dizendo que é possível assegurar tudo a todos… e não é», considerou. «Incomoda-me que as pessoas não percebam o que está a acontecer, sobretudo nos partidos, onde a cegueira tem arrastado muitos à miséria, como aconteceu em França», concluiu.
Editado pelo Clube da Comunicação Social de Coimbra, representado na sessão pelo seu presidente, Braga da Cruz, o livro faz reverter integralmente a receita para a Casa dos Pobres de Coimbra. A presidente da instituição, Maria Luiza Carvalho, também presente na apresentação do livro, agradeceu o gesto e o acolhimento na Figueira da Foz.
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